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Resenha: Malasartes e o Duelo com a Morte

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O folclore nacional, a literatura de cordel e a comédia de interior, rural, sempre renderam bons materiais para o cinema e a TV. E é com a força desse último quesito que Malasartes e o Duelo com a Morte dá segmento ao cinema nacional que lançou muita coisa este ano. A novidade é que a produção é incrementada de efeitos visuais, mas apesar de todos esses efeitos, Malasartes diverte pela simplicidade de seu protagonista e de seus coadjuvantes.

No filme, acompanhamos Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa, de Reza a Lenda), um malandro do interior que vive de pequenos trambiques lá e cá, sem se importar em passar a perna no simplório povo da sua cidadezinha do interior, enrolando suas dívidas com o fazendeiro Próspero (Milhem Cortaz, de Tropa de Elite) e a moça que o ama, Áurea (Ísis Valverde, de Faroeste Caboclo), irmã de Próspero. Mas toda a sua esperteza será colocada à prova quando a própria Morte (Júlio Andrade, de Sob Pressão), que quer tirar férias e vê em Malasartes um substituto perfeito para as suas tarefas.

Todos os diálogos, recheados das gírias tradicionais do povo rural, são de longe o charme do filme e todos os atores passam isso muito bem. Jesuíta traz um Malasartes bastante malandro, mas sabe passar esse lado sem parecer mais caricato do que a história pede, e Ísis está muito bem como a ingênua amada do herói. O roteiro é simples e mesmo as suas reviravoltas que não chegam a ser surpreendentes, são bem executadas. Os coadjuvantes, especialmente Leandro Hassum como o assistente da Morte e Vera Holtz como uma das bruxas do Destino, também estão muito bem no filme.

O filme tem um quê de ingenuidade e leveza, como uma fábula. Desde a abertura, toda em uma linda animação (narrada belamente por Lima Duarte), até a paisagem do sobrenatural, do mundo pós-vida, muito bem representado pelos ótimos efeitos especiais. A primeira viagem de Malasartes ao submundo tem uma linda sequência de seu passeio entre as velas da vida e no final uma pequena sequência é quase uma homenagem à clássica animação da Disney, Fantasia. Mas tem certas coisas que ficariam mais bonitas com truques de câmeras do que com efeitos computadorizados, como sequências em que os personagens voam. A regra do menos é mais poderia ter sido lembrada aqui. Mas nada que estrague a diversão como um todo.

Malasartes e o Duelo com a Morte traz de volta ao cinema brasileiro o tipo de filme pra se assistir com a família, com uma história leve, divertida e que agrada pela simplicidade de seus personagens, graças a uma direção bastante segura de Paulo Morelli (Cidade dos Homens).

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Beto Menezes

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