Resenha: Lov3 (+ detalhes da Coletiva de Imprensa)
Com música de Linn da Quebrada na trilha, série do Amazon Prime tem amor e sexo debatido
Lov3 aborda algumas formas de amor e o sexo através da história dos personagens principais. O novo lançamento do Amazon Prime Video, com direção de Mariana Youssef (da série “As Seguidoras”), Gustavo Bonafé (“O Doutrinador”) e Felipe Braga (“Marighella”), possui seis episódios de 30 minutos casa e acompanha os irmãos Ana (Elen Clarice), Sofia (Bella Camero) e Beto (João Oliveira).
Na trama, eles têm pouca coisa em comum: são irmãos, moram em São Paulo e se querem experimentar amor e sexo de várias formas diferentes. Isso se torna ainda mais forte quando a mãe deles, Baby (Chris Couto), resolve abandonar o marido, Fausto (Donizeti Mazonas), e um casamento de 30 anos.
A série explora de uma forma interessante os diversos relacionamentos, porém deixa a desejar em alguns pontos, que citaremos logo mais. Cada irmão tem um jeito de se entender dentro de um relacionamento e cada um expressa diferentes necessidades dentro de cada relação.
Ana é a mais velha com 33 anos e reata com o ex-marido, Artur (Drayson Menezzes), com a condição de manter um relacionamento aberto. Podemos perceber que ao longo dos episódios, ela tem medo dos próprios desejos e de replicar os erros da mãe. Mesmo que ela mesma não os entenda.
Sofia e Beto são gêmeos e possuem 24 anos, ela acabou de ser demitida do milésimo emprego e decide dividir o teto com um trisal, que não a reconhece como parte da relação, para pagar as despesas da casa. Sofia está sempre em busca de descobrir mais sobre sua sexualidade e saciar seus desejos. Porém, mesmo não se importando tanto com a opinião das pessoas, ela sempre está com um pé atrás quando o assunto é família.
E Beto é um jovem gay que sente atração apenas por homens héteros que o dispensam, e agora está em busca de conquistar sua autoestima. Ele tem um forte medo de ficar sozinho, isso aliado com sua baixo auto estima faz com que ele aceite qualquer tipo de afeto, mesmo que seja tóxico e humilhante.
Esses três personagens possuem seus próprios dilemas e defeitos, porém uma pessoa que chama muita atenção é a Baby. O relacionamento deles com ela, mostra como a criação reflete na personalidade dos filhos. Baby traz em vários momentos pensamentos interessantes, por exemplo o por que ela fez as escolhas da vida dela, e como ela está cansada de ter que seguir o que a sociedade quer e não o que ela quer. Entretanto, os pensamentos acabam aí.
Com a cena final, entendemos que a relação familiar poderá ser aprofundada em uma segunda temporada. Mas isso não significa que não poderia ter sido aprofundada um pouco mais nessa primeira.
A produção tem uma excelente trilha sonora de Fábio Góes, que vai de “Todo o Amor que Houver Nessa Vida” de Cazuza até “Tomara” de Linn da Quebrada e Davi Sabbag [ ouça aqui ]. Combinada com a fotografia de Pedro Cardillo e a montagem de Paulo De Barros e Livia Arbex, prende bastante a atenção dos espectadores.
A esperança é que se houver uma próxima temporada seja melhor utilizado todos os elementos colocados na história.
Coletiva de imprensa
A série brasileira Original Amazon teve sua estreia dia 18 de fevereiro e apresentou diferentes formas de relacionamento, como poliamor, trisal e relacionamento aberto. Em entrevista coletiva, com os protagonistas, diretores e representante do streaming, contaram como foi a experiência de produzir cada parte do projeto.
Para o diretor, Felipe Braga, a série desconstrói o conceito de relações rápidas entre os jovens para falar sobre comprometimento e a busca pelo amor. “No final do dia, precisamos olhar nos olhos uns dos outros”, aponta Braga quando aborda a diversidade de relações amorosas que cada um dos irmãos passa.
Além disso, ele enfatiza uma preocupação em como estão as relações após a pandemia do COVID-19. “A pandemia criou um senso de urgência maior nas pessoas, no sentido de seguir o que quer da vida e isso reflete na tela. Lov3 mostra esse momento, de correr atrás do que te faz feliz e esse senso de urgência, já que os personagens acreditaram por muito tempo que sabiam o que queriam, mas postergaram para perseguir e agora irão atrás de seus objetivos.”
Histórias como as abordadas pelos protagonistas chamam a atenção do público, pois está representando a realidade vivida por várias pessoas. Esse ponto foi muito bem ressaltado pela Head de Conteúdo Original da Amazon Studios, Malu Miranda, “A Amazon procura por essas histórias diferentes, mas que também são universais”.
O caminho trilhado por cada personagem chamou atenção de vários espectadores. O personagem de João Oliveira, Beto, percorreu em poucos episódios um caminho de amor próprio que muitas vezes é difícil de percorrer. Sobre isso, o ator confessa que para viver o personagem “foi uma investigação muito rica para conseguir validar e colocar no mundo essa urgência de amor. Foi um processo de aprendizagem muito rico e a pesquisa foi muito grande, conhecer esse novo universo gigantesco e representar com muita responsabilidade e carinho”.
Mesmo podendo ter sido melhor aprofundado nessa primeira temporada, Baby conseguiu demonstrar uma relação disfuncional com todos os filhos, mas com Ana é ainda mais complicada, pois ele se compara muito com a primogênita. Elen Clarice, intérprete de Ana, explica com mais detalhes esse sentimento, “Baby se espelha e projeta suas frustrações em Ana. Quando ela percebe que aquilo traz travas e bloqueios na vida dela, é revelador para Ana, que começa a correr atrás de sua identidade livre dessa angústia causada pela projeção de Baby.”
Confira a primeira temporada completa no Amazon Prime Video.